DPC Bismarck

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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Departamento de Homicídios quer mapear a violência

(por Luciana Marschall – Correio do Tocantins)


O Departamento de Investigação e Prevenção de Homicídios da Polícia Civil, em Marabá, está com nova equipe desde o dia 9 deste mês e já projeta mudanças nos trabalhos que vêm sendo efetuados. O delegado Francisco Bismarck, que está à frente do setor, planeja apresentar em algum tempo um plano para prevenção dos crimes e da violência na cidade, conforme antecipou em entrevista ao CORREIO DO TOCANTINS.

Marabá precisa muito de algo nesse sentido. Quero mobilizar a sociedade para um ano melhor. Acho que a cidade tem a característica de ser muito tolerante à violência”, diz o delegado.

Para ele, apenas uma pequena parcela da população é que tem se preocupado com os índices da criminalidade e, de fato, auxiliam de alguma forma. O delegado destaca, por exemplo, as denúncias que têm sido feitas aos disque-denúncias e que em muitas vezes resultam em prisões, mas a maioria das pessoas ainda permanece indiferente à realidade.

Às vezes uma pessoa anda de um lado para o outro armada, todo mundo sabe, mas ninguém faz nada. Um tempo depois essa pessoa mata alguém e fica todo mundo horrorizado, mas ninguém antes quis se envolver e denunciar”.

A intenção da nova equipe, que conta ainda com dois escrivães e três investigadores, é captar parcerias para a realização desse projeto.

Eu gostaria de ter a participação da sociedade civil organizada, associações, igrejas, Imprensa, etc. O que eu entendo que não pode continuar acontecendo é que a tolerância continue. Todo mundo anda armado, todo mundo mata ou morre por motivos banais, como discussões e acertos de contas”, diz.

O delegado destaca que o Estado muitas vezes não tem oferecido a estrutura mínima ao cidadão e, por isso, é um dos maiores culpados pelo que vem acontecendo.

É evidente que não vamos conseguir resolver o problema por completo e talvez nem consigamos finalizar isso, mas somos seres pensantes e eu gosto de modificar os lugares por onde passei, mesmo que seja pouco. Temos um déficit muito grande para com o cidadão”.

Desde quando a nova equipe assumiu, vem alimentando o mapa da criminalidade com o objetivo de comparar mês a mês a evolução do quadro.

Vamos comparar os períodos do próximo ano com os deste ano que está terminando. Isso vai ajudar a gente a ter um diagnóstico ao longo do ano de quais os locais mais vulneráveis, que tipo de crimes acontece, as armas usadas, os motivos e os horários em que isso acontece. Queremos saber por que as pessoas estão morrendo”.

EQUIPE

Apenas em 2011 foram seis os delegados que assumiram a cadeira da divisão de Homicídios em Marabá, instalada na Delegacia da Cidade Nova. Atualmente o departamento trabalha com a equipe reduzida em relação à demanda que possui, mas, de acordo com o delegado, isso não pode ser usado como desculpa para que o trabalho de combate não seja realizado.

Esse problema de recursos humanos é do Estado todo, mas a gente não pode utilizar isso como desculpa. Não vamos alegar falta de estrutura para ficarmos de braços cruzados”.

Apesar de a maioria dos homicídios ocorrerem no período noturno e aos finais de semana, a divisão vai continuar funcionando em regime de expediente, sem a realização de plantões.

Infelizmente essa é a estrutura que temos hoje, mas a gente pretende tombar o máximo de inquéritos que for possível e manter a eficiência do trabalho realizado pelos delegados que passaram pela divisão neste ano. O trabalho vinha sendo bem feito e vamos tentar manter procurando sempre melhorar, dando nosso toque pessoal”.

Segundo o delegado, uma das prioridades será dar maior atenção aos laudos criminalísticos que nem sempre são finalizados a tempo de serem enviados junto com o inquérito para a Justiça.

Quero focar nos laudos porque sei que o Centro de Perícias Científicas "Renato Chaves" também tem suas dificuldades, mas o fato de enviarmos os inquéritos sem os laudos anexados prejudica. Às vezes o acusado é colocado em liberdade porque falta materialidade e isso causa uma sensação de impunidade na sociedade. Somos sensíveis a isso”.

TRABALHO

Do dia 9 até a última sexta-feira (23), a divisão possuía sete inquéritos instaurados, número que agora irá aumentar com a ocorrência de um homicídio acontecido na manhã de ontem segunda-feira (26). Mas o delegado garante que pretende desvendar os crimes e encontrar os autores.

O nosso trabalho só acaba com a prisão do culpado. Queremos trabalhar pensando em chegar ao final, que é prender os envolvidos nos crimes. Assim que desvendamos o acusado já peço a prisão preventiva”.

A equipe da Divisão de Homicídios recorda que a quantidade de execuções apresentou uma queda significativa desde a prisão dos pistoleiros Valdemir Lima dos Santos, o Velhinho, de 28 anos, e Diego Pereira Marinho, de 19 anos, ocorrida no dia 30 de novembro. Eles são acusados de terem executado diversos homicídios na cidade. Para o delegado, se a Polícia Civil trabalha bem, as estatísticas apresentam redução na criminalidade.

Depois dessas prisões praticamente acabaram as mortes por execução e não é porque os dois sejam os culpados por todas as mortes, mas porque quem estava pensando em matar acabou parando porque viu que a coisa está pegando”.

Ele acrescenta que a intenção é justamente essa, assustar os criminosos. “Muita gente está assustada e eu quero manter esse povo desse jeito. Quanto menos gente morrer é melhor”.

FORÇA TAREFA

O delegado Bismarck e parte da equipe que agora compõe a divisão passaram os últimos cinco meses à frente de uma Força Tarefa montada com o objetivo de apurar autorias de homicídios em inquéritos não solucionados e instaurados entre os anos de 2007 e 2010 no sudeste do Estado do Pará. O trabalho serviu como base para os policiais terem alguma noção acerca dos crimes de assassinatos que ocorrem na cidade.

Com essa experiência adquirimos um conhecimento empírico. Com base nos inquéritos, avaliamos que a maioria das mortes é por encomenda e com características de execução. Essa é a característica do sudeste do Pará, mas não podemos cruzar os braços só porque 'isso já é cultural na região'. Se Marabá quer ser grande ela precisa ser tratada dessa forma. Não podemos aceitar que tenha mais mortes que algumas grandes capitais. É inadmissível”.

Segundo o delegado, a Força Tarefa não teve os resultados esperados principalmente porque o trabalho entre a polícia judiciária estadual e os policiais da Força Nacional destacados para integrarem a equipe não fluiu como deveria.

 

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