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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Ao menos 900 perderam a vida na região ano passado

Assassinatos foram quase 500 e mortes por acidente somaram 209

Por: André Santos (Correio do Tocantins)

As polícias foram, sim, e inegavelmente, bastante atuantes durante os 365 de 2011, mas não houve jeito: a violência, como de praxe, armou seu tundá em Marabá e região, fez e aconteceu. Tanto é que nada mais, nada menos que 900 – isso mesmo, novecentas – histórias tristes, de mortes, entraram para as páginas deste CORREIO DO TOCANTINS, no caderno de Polícia, ao longo do ano passado.

O número, que faz parte do minicenso das mortes violentas e registradas por este Jornal, aproxima-se do total de 933 corpos necropsiados pelo Instituto Médico Legal (IML) de Marabá em 2011 e ao qual o CT teve acesso extraoficialmente. Na contagem deste Periódico, registrou-se uma morte a cada 9 horas e 44 minutos, ou mais de duas por dia, ou exatamente quatro a cada um dia e meio, em média. É sangue que daria para encher 30 barris semelhantes aos utilizados no comércio do petróleo.

Ao todo, 870 pessoas maiores de 18 anos e 30 crianças e adolescentes perderam a vida, tiveram seus cadáveres registrados pelo IML e suas histórias contadas em forma de texto ou seus nomes citados nos registros de obituário disponibilizados à Imprensa pelo próprio Instituto Médico Legal. Vieram a óbito 798 pessoas do sexo masculino e 102 do sexo feminino, numa disparidade em que eles têm oito vezes mais “chances” de morrer do que elas. E a conta é simples: basta notar que, em cada grupo de nove pessoas, oito pessoas do sexo masculino são convidadas a dar “good bye” deste mundo, enquanto uma do sexo aposto toma o mesmo rumo.

Por enquanto, este Jornal divulga apenas balanço geral das mortes ocorridas no decorrer de 2011, mas as 415 mortes ocorridas em Marabá no ano passado também serão destrinchadas em outra reportagem.

HOMICÍDIOS LIDERAM

As polícias Civil e Militar trabalharam arduamente, fizeram faxina em bocas de fumo e traficantes, inibiram diversos crimes, detiveram pilas e afins, porém não deu mesmo para ressuscitar qualquer das 478 vidas que se foram a tiros, ou facadas, ou pauladas, ou pedradas, ou tijoladas, ou enxadadas, ou espancadas, ou estranguladas. Teve até gente sendo tratada como herege, em pleno século 21, sendo queimada viva. A barbaridade reinou com um assassinato a cada 18 horas, 19 minutos e 30 segundos.

Ao todo, 347 pessoas foram detonadas à bala, que matou a partir do tiro de raspão até o crivamento quase total e completo, com um corpo recebendo até 15 tiros ou cabeça recebendo dez. A face mais cortante da faca também tirou muitas vidas de circulação, basta ver que a sanha brutal empregada nessa arma enterrou 104 pessoas.

As pauladas também eliminaram 13 homens, e outro oito foram tirados de circulação por espancamento. As mãos criadas por Deus para estender a outrem foram usadas para esganar e estrangular duas pessoas; e pedra, tijolo, enxada e fogo, em posse de seres bestiais, foram empregados para matar uma pessoa cada.

ACIDENTES SÃO VICE

Em segundo lugar na lista das situações macabras que mais mandaram corpos à pedra do IML estão os acidentes, particularmente os de trânsito, que enterraram 209 indivíduos, um a cada rodada de um dia, 17 horas, 54 minutos e 36 segundos, em média. O atropelamento, um dos vieses das fatalidades nas vias de passagem, enterrou 105 pessoas de Marabá e região ao longo de 2011.

Mas ele não é vilão sozinho. A batida – seja de carro com carro, de carro com moto, de moto com moto, enfim – deu sua cota de participação no “share” da mortandade com 78 enterros. E não é tudo: os capotamentos, mesmo em terceiro lugar no quesito acidente, sepultaram 25 no ano passado. Os motivos principais de tantos acidentes nas estradas da região e que matam de causadores a inocentes? Não, não é segredo: álcool no volante e velocidade a mil.

LANTERNA DOS AFOGADOS

Parece nome de música, mas a situação é dramática, posto que 45 pessoas pereceram por não saberem nadar, ou por confiarem demais no fato de saberem nadar, ou por acompanhar “pato”, ou por vacilar. Na água é assim mesmo: vacilou, dançou. Nesse quesito mortal, o curioso é que crianças e adolescentes são as vítimas preferenciais do líquido precioso, enquanto 30% das vítimas são adultas.
Os rios Tocantins, Itacaiúnas e Parauapebas foram os maiores chamarizes de morte por afogamento, sendo que os dois de Marabá são, disparadamente, campeões na questão. Diante dos números nefastos, todo provérbio antigo é válido: a água não tem cabelo!
SUICÍDIO E OUTROS

As histórias de suicídio de ao menos 19 pessoas foram contadas pelo CT no ano que passou. Tristes histórias, diga-se de passagem, considerando-se o fato de que 14 pessoas mandaram ver com a corda no pescoço, sabe Deus por que motivo; outras três pegaram uma arma e “bang!”, sabe lá Deus também a razão; e duas se embriagaram com doses de chumbinho e bateram as botas. Tristes fins.

Por outro lado, até para quem queria muito viver, e viver do suor do trabalho, a coisa ficou preta. Isso porque oito pessoas pereceram em acidente de trabalho, um claro sinal de que, como diria qualquer vovó, “o coisa ruim atenta”.

E por falar em vovó, até ficar em casa há muito deixou de ser seguro, sobretudo para idosos e recém-nascidos, grupos etários os quais mais perderam a vida por acidentes domésticos (com sete casos) e mortes naturais (com 29). A simples queda de um bebê do berço pode fazê-lo entrar nas estatísticas de acidentes domésticos fatais.

Já a morte natural, como o próprio nome diz, não é morte violenta. Mas entra na contagem porque, não raro, um ou outro caso vai parar nas mãos dos legistas do IML, que por sua vez o lista como necropsia do dia. Um exemplo de morte natural são os piripaques – ou infartos, como queira. As pessoas idosas são e estão mais suscetíveis a esse vilão, por vezes mortal.

E não foi só: 2011 teve isso e muito mais, a exemplo de 21 achados macabros, sete deles de ossadas humanas e quatro outros de corpos carbonizados. O cenário era desolador e triste. Sem falar em três fetos que foram encontrados no meio da rua, no lixo, em terreno baldio. Além do mais, duas pessoas perderam a vida por picadas de abelha e uma outra caiu do cavalo e morreu. Outras 69 pessoas foram enterradas sem ter a causa de sua morte esclarecida. É, dois mil e onze não foi brinquedo, não.

PASTA POLÍCIA (Fotos: Arquivo CT)

Operário: Acidentes em serviço em Marabá e região sepultaram oito trabalhadores

Cenário: Já os acidentes de trânsito mandaram 209 pessoas à cova no ano passado

Homicídio: Homens lideram lista das vítimas de homicídio, sendo 95% das vítimas
Bebê: Entre recém-nascidos, crianças e adolescentes, 30 morreram precocemente

SUMO DAS 900 MORTES
POR CATEGORIA
478 homicídios
209 acidentes de trânsito
45 afogamentos
19 suicídios

POR GÊNERO
782 homens
88 mulheres

CRIANÇAS E JOVENS
16 meninos
14 meninas

Festival de tiros exterminou 347 vidas
Desfecho de facadas matou 104 pessoas